Com X suspenso, autoridades e órgãos oficiais migram para outras redes
Com a suspensão do X no Brasil, desde sexta-feira (30/8), autoridades e órgãos públicos já começaram a migrar para plataformas digitais que oferecem funcionalidades semelhantes. As principais opções, até o momento, têm sido o BlueSky, que ganhou mais de 1 milhão de usuários brasileiros em três dias, e o Threads, do grupo Meta.
O Supremo Tribunal Federal (STF) faz parte do grupo de instituições que criaram perfis oficiais nessas plataformas. No BlueSky, a conta foi iniciada na sexta, mesmo dia da decisão do ministro Alexandre de Moraes e da suspensão do X.
Durante o processo, os assessores da Corte verificaram a existência de vários perfis falsos que já se passavam pelo Supremo na plataforma, e tiveram de solicitar à administração do BlueSky, via e-mail, que eles fossem deletados. Até a tarde dessa segunda (2/9), o novo perfil do STF já tinha quase 3 mil seguidores, mas ainda não havia feito nenhuma publicação.
Na mesma plataforma, já chegaram também alguns ministros do Supremo, como Flávio Dino e Cristiano Zanin. “Boa noite a todos. Estou oficialmente usando o BlueSky para me comunicar”, escreveu Zanin na noite desse domingo (2/9). Dino ainda não fez nenhuma publicação.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também já estão presentes na plataforma.
Órgãos do governo federal
Entre os órgãos do governo federal, vários aderiram ao BlueSky nos últimos dias. Entre eles, estão, por exemplo, o perfil da Presidência da República, o da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (SecomVc) e o perfil oficial do Governo do Brasil. As primeiras publicações são desse domingo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já estava presente na plataforma, desde abril. Já a primeira dama Janja, que possui perfil ativo no Threads desde o início da plataforma, em julho de 2023, ainda não aderiu oficialmente ao BlueSky.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou perfil, na plataforma, na sexta (30/8), assim como o ministro Silvio de Almeida. “Olá, agora estou por aqui também!”, escreveu ele.
Alguns órgãos, como os ministérios da Justiça e do Meio Ambiente, já estavam presentes na plataforma antes do bloqueio do X. Já o Ministério da Fazenda começou a utilizar o BlueSky nessa segunda-feira. O ministro Fernando Haddad também possui perfil criado, mas ainda não fez nenhuma publicação.
Chefes do Legislativo
Os dois chefes do Legislativo, presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não abriram perfis oficiais no BlueSky. Pacheco, inclusive, só segue com o perfil no X. Já Lira tem conta no Threads.
O presidente da Câmara criticou, no sábado, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de bloquear contas da Starlink, como represália à falta de representante legal do X, no Brasil. Na visão dele, deveria haver separação de pessoas jurídicas.
“A gente, geralmente, tem a máxima de que decisão judicial a gente não comenta, a gente cumpre e contesta. Mas o que mais me preocupou ontem é a gente ter obrigação de saber separar pessoa jurídica A da pessoa jurídica B”, ponderou ele, durante painel na Expert XP 2024, em São Paulo.
Perfis fakes de Alexandre de Moraes
Protagonista do embate jurídico com o bilionário Elon Musk, o ministro Alexandre de Moraes ainda não criou perfis no Threads, nem no BlueSky. Nesse último, inclusive, já existem contas falsas que se passam por ele.
Os perfis fakes começaram a surgir na sexta, após a confirmação do bloqueio do X, no Brasil. “O cara que baniu o Twitter”, diz o texto de apresentação de um deles.
Com a entrada crescente de autoridades e órgãos públicos, a tendência é que os perfis falsos diminuam. Esse processo ocorreu, por exemplo, com o STF. Desde que a Corte oficializou a presença na plataforma, as contas falsas diminuíram ou foram sendo deletadas.
BlueSky não tem representante no Brasil
Uma questão central a ser enfrentada pelo BlueSky, nas próximas semanas, é a falta de representante legal no Brasil. Assim como o X, a plataforma que agora tem mais de 1 milhão de usuários no país, ainda não tem escritório ou alguém designado para representá-la em território nacional.
A legislação brasileira exige que empresas internacionais que operam no país possuam um representante legal para responder por questões jurídicas e administrativas. Essa ausência, inclusive, foi um dos motivos principais da decisão de Alexandre de Moraes, em suspender o X no Brasil.
Criado em 2022, o BlueSky tem sede nos Estados Unidos. Ao todo, são quase 8 milhões de usuários no mundo todo. Em resposta ao Metrópoles, a plataforma afirmou que irá cumprir as leis brasileiras e que já estão em contato com advogados nos EUA e no Brasil. A BlueSky também destacou que ganhou 2 milhões de novos usuários apenas na última semana. Isso representa 25% de todos os usuários da plataforma.