STJ nega soltura de dono de Porsche que matou motoboy atropelado
São Paulo — O empresário Igor Ferreira Sauceda, acusado de perseguir, atropelar e matar um motoboy na zona sul da capital em 29 de julho, teve um novo pedido de liberdade negado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Joel Ilan Paciornik.
A defesa de Sauceda havia entrado com um pedido de habeas corpus para que ele fosse solto enquanto aguarda o laudo do Instituto de Criminalística, que vai determinar a dinâmica do crime. O magistrado entendeu que a demora para apresentação do documento não causa prejuízo à defesa no que diz respeito à apresentação de uma resposta à acusação.
Juíza responsável pelo caso na esfera estadual, Isabel Begalli Rodriguez cobrou celeridade do IC e intimou o diretor do instituto, Evandro Peres Ribeiro.
“Ante a inércia do Instituto de Criminalística a despeito das reiteradas cobranças, e considerando que já se passaram mais de 5 meses dos fatos e que se trata de processo com réu preso, expeça-se mandado de intimação na pessoa do diretor do IC para que seja apresentado o laudo de local dos fatos no prazo de 5 dias, sob pena de desobediência”, disse a juíza na decisão.
Em agosto, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou um pedido de liberdade. Na ocasião, o IC já havia sido cobrado a apresentar o laudo de local do acidente.
Com a decisão do STJ, Igor Ferreira Sauceda segue preso preventivamente Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, na região metropolitana. Ele é réu por homicídio triplamente qualificado.
Motivo fútil
A denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que fez a Justiça tornar Sauceda réu apontou que “o crime de homicídio foi praticado por motivo fútil, na medida em que Igor deliberou matar Pedro somente porque se irritou com o fato de ele ter danificado o seu carro durante uma colisão de trânsito”. Antes do atropelamento, a vítima, Pedro Kaique Ventura, quebrou o retrovisor do Porsche.
“O crime foi, ainda, praticado com emprego de meio cruel, uma vez que Igor acelerou o carro que conduzia na direção da motocicleta conduzida pela vítima, a atropelou e arrastou por alguns metros, provocando atroz e desnecessário sofrimento a Pedro, além de revelar brutalidade fora do comum em contraste com o mais elementar sentimento de piedade”, acrescentou o MP.
A denúncia indica que Igor também empregou recurso que dificultou a defesa da vítima, “na medida em que colheu Pedro de forma absolutamente surpreendente e pelas costas, pois o atropelou em alta velocidade e atingiu primeiro a parte de trás de sua motocicleta”.
Porsche como arma
Igor Sauceda foi preso em flagrante horas após o acidente por homicídio doloso, com dolo eventual. No dia seguinte, durante a audiência de custódia, a juíza Vivian Brenner de Oliveira converteu a prisão em preventiva e disse que o empresário usou seu Porsche “como uma arma” para perseguir e matar o motoboy.
O empresário chorou durante a audiência. Igor Sauceda se emocionou enquanto seu advogado, Carlos Bobadilla, dizia que o empresário veio de “família humilde” e “não ganhou o Porsche do pai”.
Imagens do atropelamento
Uma imagem registrada por câmera de segurança mostra o momento exato em que o Porsche amarelo dirigido por Igor Ferreira Sauceda acerta a moto de Pedro Kaique Ventura, na Avenida Interlagos, no dia 29 de julho.
A cena, divulgada em 4 de agosto, é rápida e flagra a hora em que o carro de luxo acerta a motocicleta de lado.
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