“Foram 5 anos lutando”, diz mulher com osteoporose desde os 50 anos

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A osteoporose, condição de saúde que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, é comumente associada a idosos. No entanto, Maria do Socorro Sombra começou a penar com o problema ainda aos 50 anos, em 2010.

A cearense, que trabalhou por 41 anos como servidora pública na Educação, conta que, à medida que as dores foram surgindo, enfrentou limitações crescentes e chegou a ficar sem conseguir andar.

Tudo começou com dores intensas na região lombar enquanto trabalhava. Inicialmente, ela suspeitou que pudesse ser um problema renal e decidiu fazer exames. Uma tomografia acabou revelando uma hérnia de disco.

O meu diagnóstico inicial foi de problema na coluna, de hérnia de disco. Comecei a fazer tratamento com fisioterapeuta, mas as dores continuavam piorando”, disse, em entrevista ao Metrópoles.

Maria do Socorro foi obrigada a prolongar o tratamento por meio de medidas judiciais, uma vez que estavam previstas apenas 30 sessões iniciais e as dores não passavam.

Após quase cinco anos sem melhora significativa, um exame de densitometria óssea revelou que o problema não se limitava à hérnia. Ela foi diagnosticada com osteoporose no fêmur, lombar e cervical, além da fibromialgia, uma síndrome clínica que se manifesta com muita dor na musculatura.

Depois do diagnóstico de osteoporose, as sessões de fisioterapia passaram a ser mais intensas e ela começou a tomar medicamentos, além de iniciar a suplementação com cálcio.

As dores, no entanto, persistiam. Maria do Socorro chegou a ficar acamada, sem forças para andar, e precisou usar uma cadeira de rodas. Nessa época, procurou um reumatologista, especialista no funcionamento do sistema muscoloesquelético, para buscar novas alternativas de cuidado.

“Eu buscava incansavelmente um tratamento. Em 2019, o médico mencionou um medicamento subcutâneo, o denosumabe, que poderia ajudar, pois os tratamentos anteriores só tinham efeito temporário e as dores e dificuldades de movimento comprometiam minha qualidade de vida. Na época, o medicamento custava cerca de 800 reais, e só consegui obtê-lo com a ajuda de outras pessoas”, relembra.

Medicação melhorou a qualidade de vida

Maria Socorro recorreu à justiça devido ao alto custo do medicamento. O médico elaborou um laudo detalhando o estado de saúde dela e citando complicações graves que poderiam até levar a óbito. Com base nesse laudo, o juiz determinou que fosse garantida a compra do medicamento.

“Comecei a tomar o medicamento no segundo semestre de 2019. Inicialmente, a injeção causava um efeito contrário, com dores intensas em cada parte dos ossos, como se tivesse febre, mas com o tempo isso melhorava. Após um mês, senti uma redução nas dores e continuo a tomar a medicação a cada seis meses. Graças ao processo que iniciei, outras pessoas também conseguiram acessar o medicamento”, conta.

Maria, que hoje leva uma vida quase normal apesar da osteoporose, ressalta a importância de manter a saúde física e mental. Hoje ela faz exercícios regularmente para fortalecer a musculatura. Seus ossos estão calcificados, e ela planeja fazer outro exame de densitometria óssea para avaliar a necessidade de continuar com o medicamento.

“Conviver com a osteoperose é muito difícil, mas não podemos deixar que isso nos abata. Hoje, continuo com o medicamento, faço atividades físicas e acompanhamento com o reumatologista”, declara.

Osteoporose

A médica fisiatra Pérola Plapler, diretora da Divisão de Medicina Física do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, afirma que a osteoporose pode se manifestar em qualquer idade, embora seja mais comum e, frequentemente, diagnosticada na terceira idade. Em mulheres, a condição geralmente surge após a menopausa, enquanto nos homens, o risco aumenta a partir dos 65 anos.

“O que acontece com mais frequência é a doença ligada à idade, devido à diminuição dos hormônios masculino e feminino, o estrógeno e a testosterona. A osteoporose é muito mais frequente em mulheres do que em homens: uma a cada quatro mulheres terá osteoporose, frente um a cada oito homens”, informa a especialista.

A doença pode ser desencadeada por diversos fatores, como a falta de exposição ao sol, sedentarismo, longos períodos de imobilidade ou uma dieta pobre em leite e derivados.

“A prevenção e o tratamento da osteoporose baseiam-se em três pilares: ingestão adequada de cálcio, especialmente através de leite e derivados; exposição ao sol; e prática regular de atividade física, com ênfase em exercícios resistidos”, explica Pérola.

Segundo ela, a doença é de difícil detecção, pois apresenta poucos sintomas evidentes. Pérola ressalta que, mesmo sem uma suspeita inicial de osteoporose, alguns sinais de alerta devem ser observados, como uma fratura causada por uma queda da própria altura. Em uma pessoa normal, uma queda leve não resultaria em fratura.

Maria do Socorro, por sua vez, acredita que se o seu diagnóstico tivesse sido efeito antes, ela teria sentido menos dores e poderia ter iniciado o manejo dos sintomas antes.

Medicação no SUS

A fisiatra destaca que, por muitos anos, o tratamento da osteoporose pelo SUS permaneceu sem alterações, sendo utilizados apenas medicamentos mais simples, destinados aos casos iniciais da doença. Em 2023, a condição ganhou novas diretrizes de diagnóstico e tratamento, e as medicações imunobiológicas, como o romosozumabe, foram incorporadas para os casos mais graves.

A especialista Pérola Plapler considera que o tratamento da osteoporose deve levar em conta as condições específicas de cada paciente, como as patologias associadas e a condição funcional. Por enquanto, o denosumabe, medicamento usado por Maria, não está incluído no sistema público.

“Cada droga tem sua indicação no momento certo, e há um tempo ideal de uso para a maioria delas, após o qual é necessário trocar por outras opções. Portanto, é importante garantir ao paciente a possibilidade de escolher a melhor droga para cada fase”, concluiu.

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