Fora da política não há salvação

0

O que falar aos eleitores de modo a conquistar seus votos? Essa parece ser uma questão resolvida desde que os candidatos, e seus principais assessores, descobriram a importância das pesquisas qualitativas – aquelas que perguntam a grupos de entrevistados sobre o que de fato os aflige e ocupa suas mentes.

Então, as respostas obtidas passam a orientar as falas e promessas dos candidatos. Pesquisas de intenção de voto servem unicamente para animar a mídia, que as dissecam dias a fio à espera das próximas. Elas não passam de retratos de um momento, e quando publicadas, o momento já passou. Daí sua imprecisão.

Ocorre que não basta saber o que ocupa as mentes dos eleitores, falar sobre o que eles querem ouvir e prometer enfrentar, se eleito, os temas que lhes são mais caros. O segredo está nas propostas factíveis de soluções para os problemas. Os eleitores estão se tornando cada vez mais exigentes, e com razão.

Reclamar da devastação da Amazônia não é uma política, significa apenas que o candidato está atento ao que acontece por lá. Dizer que, uma vez eleito, a devastação será contida, também não é uma política, embora possa enganar parte dos eleitores. Uma política é dizer o que fará, como e com que meios, para reduzir a devastação.

Parte-se da verdade de que inexistem soluções definitivas para um monte de problemas complexos. É importante fortalecer o programa Minha Casa Minha Vida que garante casa para quem precisa. Mas, no curto e médio prazo, sempre haverá mais gente precisando de casas do que dinheiro suficiente para as construir.

Dá-se o mesmo com a saúde. Doenças erradicadas no Brasil como sarampo, coqueluche e poliomielite voltaram a ameaçar a população com a queda da cobertura vacinal. Não faltam vacinas para tais doenças – falta disposição das pessoas para se vacinar.  O negacionismo e a desinformação têm a ver com isso.

O desafio para certos candidatos é que se eles explicassem seus planos  com mais frequência, os eleitores poderiam dar-se conta do quão ruins eles são, e por tabela, inexequíveis. Por exemplo: 6 em cada 10 americanos são contra o plano de Donald Trump de cortar impostos corporativos e abolir o Departamento de Educação.

Trump culpa sua adversária, Kamala Harris, pelo aumento da migração para os Estados Unidos. É o presidente, não o vice, que estabelece a política de migração. Joe Biden é o presidente, Kamala, vice. Biden endureceu sua política de migração justamente para evitar uma derrama de votos a favor de Trump.

Fora da política não há salvação. Ditadura não é política, é um estado de coisas que suprime o direito de escolha. Tenha cuidado com os candidatos que mais dissertam sobre o que você deseja ouvir. Se desacompanhadas de evidências de que poderão se transformar em fatos positivos, promessas são palavras ao vento.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *