Como o cerco a Bolsonaro convém a Nunes em quebra-cabeça eleitoral

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São Paulo – O avanço das investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem aliviado as demandas bolsonaristas que recaem sobre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na composição da chapa que disputará as eleições municipais deste ano.

Para o entorno de Nunes, com as energias voltadas para a sua defesa, Bolsonaro deve se ver obrigado a ceder em alguns dos pontos que haviam sido negociados como contrapartida ao apoio à reeleição. Isso inclui, por exemplo, a indicação ao vice da chapa à Prefeitura.

Inicialmente, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, condicionou o apoio de Bolsonaro à indicação do vice. Entre os nomes já ventilados, destacam-se o coronel Ricardo Mello Araújo e a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (PL).

Sugerido pelo próprio Bolsonaro e favorito do presidente para vice, Mello Araújo já é visto por aliados do ex-presidente como um nome cada vez mais distante do posto. Em contrapartida, um aliado de Nunes tem ganhado mais força para a vaga.

É o caso do ex-ministro de Lula e ex-deputado pelo PCdoB Aldo Rebelo, atual secretário de Relações Internacionais de Nunes. A equipe do prefeito enxerga Rebelo como alguém capaz de acenar a eleitores mais ao centro que rejeitam a aliança com Bolsonaro.

Além disso, no cálculo deles, Rebelo tem maior potencial de atrair novos eleitores para Nunes do que nomes bolsonaristas, já que os votos de apoiadores do ex-presidente são dados como certos com a presença de Bolsonaro no palanque, independentemente de quem seja o vice.


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Bolsonaro e a vice

Entre aliados de Bolsonaro, a possibilidade de contar com Rebelo como vice na chapa já tem sido admitida. Para pessoas próximas ao ex-presidente, o cálculo de atrair novos eleitores faz sentido e, embora tenha sido ministro de governos petistas e esteja filiado ao PDT, Rebelo possui boa relação com Bolsonaro, o que facilita as negociações.

Um dos entraves para Rebelo como vice é sua filiação partidária. Licenciado do PDT, partido que fechou apoio à pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSol), o secretário só tem até a sexta-feira (5/4), prazo de encerramento da janela partidária, para migrar de sigla.

A janela partidária também é observada com interesse pela pré-campanha de Nunes, que já selou alianças dos principais partidos de centro e direita para estas eleições e vê como sepultadas as chances de uma candidatura bolsonarista que possa lhe tirar votos.

Este cenário é visto pelo entorno de Nunes como um sinal de que o prefeito terá maior autonomia para recusar indicações de nomes vistos como radicais e bancar um vice que seja de sua escolha, e não do PL ou do bolsonarismo.

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