1ª Turma do STF mantém decisão que obriga Deltan a indenizar Lula por PowerPoint

0

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou recursos contra a decisão que condenou o deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo-PR) a indenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em R$ 75 mil pelo caso que ficou conhecido como “PowerPoint da Lava Jato”.

Os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Luz Fux seguiram o voto da relatora, Cármen Lúcia. Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula, se declarou impedido.

O caso foi discutido em sessão virtual entre 31 de maio e 10 de junho. No formato, não há debate entre os ministros, que apresentam seus votos em um sistema eletrônico.

Leia Mais

Linguagem neutra “destoa” das normas da língua portuguesa, diz Zanin em decisão

Moraes prorroga pela 11ª vez inquérito das milícias digitais a pedido da PF

Barroso cita união homoafetiva e diz que alguns temas “não podem depender do processo político majoritário”

Cármen havia rejeitado o recurso no final de abril, em decisão individual. Dallagnol e a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) recorreram.

Agora, em seu voto, Cármen disse que os argumentos apresentados são “inconformismo” e não têm potencial para mudar sua decisão.

“Os argumentos do agravante, insuficientes para modificar a decisão agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em pôr termo a processos que se arrastam em detrimento da eficiente prestação jurisdicional”, afirmou.

A indenização por dano moral pelo caso foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2022, em um processo foi movido por Lula.

A defesa de Lula questionou na Justiça a apresentação e a atuação do então procurador da Lava Jato em 2016.

Na época, Dallagnol montou uma apresentação em PowerPoint para ilustrar a denúncia oferecida contra Lula pelo caso do tríplex do Guarujá. A tela tinha o nome do petista e diversos balões em volta, com palavras que iam desde acusações, aliados e outros detalhamentos da denúncia.

A CNN entrou em contato com a assessoria de Dallagnol. O espaço segue aberto.

Argumentos da ministra

Na decisão que rejeitou o recurso, em abril, Cármen disse que não ficaram comprovados os argumentos trazidos no recurso sobre suposta ofensa à Constituição na condenação. A ministra também disse que o STJ já analisou questões infraconstitucionais e manteve sua decisão.

“A alegada contrariedade à Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, a inviabilizar o processamento do recurso extraordinário”, afirmou.

A ministra analisou um recurso de Dallagnol e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

Ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu anular a condenação do ex-deputado.

Quando a ministra rejeitou o recurso, a assessoria de Deltan disse, em nota, que “o STF livra os corruptos e penaliza a Lava Jato”.

Na época, o ex-deputado disse que a decisão do STF é “‘incrível’ porque contraria regra de obediência obrigatória estabelecida pelo próprio tribunal” de que “a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima o autor do ato”.

“E o que o STF faz? Fecha os olhos para sua própria regra cogente, quando se trata de favorecer o presidente Lula e prejudicar quem combateu a corrupção.”

Deltan critica STF

“O STF rejeitou os recursos para reverter a decisão do STJ que me condenou a indenizar Lula, num valor que deve chegar a 200 mil reais. Enquanto Lula não precisou devolver um único real para a sociedade, mesmo tendo sido condenado em três instâncias por desvios de dezenas de milhões de reais, depois livrado pelo STF, no meu caso é o contrário. O STF em ‘lua de mel com o governo’ livrou o acusado de corrupção e agora condena quem a combate.

O Brasil é o país das coincidências. A Constituição, as leis e os precedentes vinculantes do próprio STF dizem que o agente público não pode ser responsabilizado diretamente para pagar uma indenização, mas justamente no meu caso, quando combatemos o maior escândalo de corrupção da história do país, o resultado é diferente.

Da mesma forma, os precedentes do próprio STJ diziam que o tribunal não poderia rever fatos e provas para me condenar, já que as duas primeiras instâncias do Judiciário, de juízes técnicos e concursados, tinham me absolvido. Mas coincidentemente no meu caso, eles fizeram isso, atropelando o entendimento do Ministério Público.

É pura coincidência também que o STF esteja garantindo a impunidade dos grandes corruptos do Brasil em uma série de decisões com fundamentação esdrúxula e equivocada, e que os agentes da lei da Lava Jato do Paraná e Rio de Janeiro estejam sendo implacavelmente perseguidos, afastados e punidos em vários processos.

É ainda uma coincidência que o Brasil sempre tenha sido governado por donos do poder que exploraram os brasileiros com roubo e garantem a própria impunidade. No fim de tantas coincidências, os únicos que estão pagando pela Lava Jato não são os corruptos, mas os agentes da lei.

O que temos visto no STF, nos casos que interessam aos poderosos, é um show de política e a morte do Direito. E não há nada mais tirânico e perigoso para o Estado de Direito e para a democracia do que um Judiciário que decide politicamente, punindo inimigos e beneficiando aliados”, finaliza a nota de Dallagnol.

Este conteúdo foi originalmente publicado em 1ª Turma do STF mantém decisão que obriga Deltan a indenizar Lula por PowerPoint no site CNN Brasil.

​ 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *